A Criação, Versículos 3 a 5 - Comentário de Matthew Henry / Gênesis

A Criação, Versículos 3 a 5 - Comentário de Matthew Henry / Gênesis

Comentário de Matthew Henry Gênesis 1 -  Versículos 3 a 5


A Criação

Temos aqui um outro relato da obra do primeiro dia, no qual observe:

1. Que o primeiro de todos os seres visíveis que Deus criou foi a luz. Não que por ela Ele pudesse cuidar da obra (porque tanto as trevas como a luz são semelhantes para Ele), mas que por ela nós pudéssemos ver as suas obras e a sua glória nelas, e pudéssemos fazer o nosso trabalho enquanto é dia. As obras de Satanás e de seus servos são obras de trevas. Mas aquele que pratica a verdade, e faz o bem, vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, (João 3.21). A luz é a grande beleza e bênção do universo. Como o primogênito de todas as coisas visíveis, ela é o que mais lembra o seu grande Pai em pureza e poder, brilho e beneficência; é de grande afinidade com um espírito, e está próxima a ele. Embora por ela vejamos outras coisas, e estejamos certos de que ela é, não conhecemos a sua natureza, nem podemos descrever o que ela é, ou por qual caminho a luz é repartida, (Jó 38.19,24). Pela visão dela sejamos guiados, e ajudados, para alcançarmos a contemplação de fé Naquele que é luz, a luz infinita e eterna (1 Jo 1.5), e o Pai das luzes (Tg 1.17), e que habita em luz inacessível,( 1 Timóteo 6.16). Na nova criação, a primeira coisa operada na alma é a luz. O Espírito bendito cativa a vontade e os sentimentos iluminando o entendimento, assim entrando no coração pela porta, como o bom pastor que é conhecido pelas ovelhas, enquanto que o pecado e Satanás, como ladrões e assaltantes, procuram pular por outro caminho. Aqueles que pelo pecado são trevas, pela graça se tornam luz no mundo.

2. Que a luz foi feita pela palavra de poder de Deus. Ele disse, Haja luz. Ele desejou e ordenou, e a sua vontade foi feita imediatamente. Houve luz, uma cópia exata respondeu à ideia original na Mente Eterna. OH! O poder da Palavra de Deus! Ele falou e foi feito. Feito realmente, efetivamente, e para a perpetuidade, não apenas em aparência, e para servir a um momento presente, porque Ele ordenou, e ela não cedeu. Com Ele era um dito, uma palavra memorial, e um mundo. A palavra de Deus (isto é, a sua vontade e o seu bom prazer) é rápida e poderosa. Cristo é o Verbo, o Verbo essencial e eterno, e por Ele a luz foi produzida, porque nele estava a luz, e Ele é a luz verdadeira, a luz do mundo, (João 1.9; 9.5). A luz divina que brilha nas almas santificadas é operada pelo poder de Deus, pelo poder de sua palavra e do Espírito de sabedoria e revelação, abrindo o entendimento, dissipando a névoa da ignorância e do engano, e dando o conhecimento da glória de Deus na face de Cristo, como a princípio, quando Deus ordenou que a luz brilhasse nas trevas, (2 Coríntios 4.6). As trevas estariam perpetuamente sobre a face do homem caído, se o Filho de Deus não tivesse vindo, e nos dado um entendimento, (1 João 5.20).

3. O Senhor Deus aprovou a luz que desejou, quando foi produzida. Deus viu que a luz era boa. Foi exatamente como ele planejou, e era adequada para responder à finalidade para a qual ela foi criada. Era útil e proveitosa. O mundo, que agora é um palácio, teria sido um calabouço sem ela. Era agradável e prazerosa. Verdadeiramente suave é a luz (Ec 11.7). Ela alegra o coração, Provérbios 15.30. Deus aprovará e misericordiosamente aceitará aquilo que Ele mesmo ordenar. Ele ficará satisfeito com as obras das suas próprias mãos. Aquilo que é realmente bom, é o que for bom aos olhos de Deus, porque Ele não vê como o homem vê. Se a luz é boa, é porque Ele é a fonte da luz, de quem nós a recebemos, e a quem devemos todo o louvor por ela e por todos os serviços que fazemos através dela!

4. Que Deus separou a luz das trevas, colocando-as de forma a não se juntarem, ou serem conciliadas. Porque, que comunhão há da luz com as trevas? (2 Coríntios 6.14). Contudo, Ele dividiu o tempo entre elas, o dia para a luz e a noite para as trevas, em uma sucessão constante e regular de cada uma delas. Embora as trevas estivessem agora dissipadas pela luz, elas não foram condenadas a um banimento perpétuo, mas se revezam com a luz, e têm o seu lugar, porque têm a sua utilidade. Porque, assim como a luz da manhã trata das coisas do dia, as sombras do anoitecer tratam do repouso da noite, e puxam as cortinas sobre nós, para que possamos dormir melhor. Veja Jó 7.2. Deus desse modo dividiu o tempo entre a luz e as trevas, porque Ele diariamente nos faria lembrar que este é um mundo de misturas, alternâncias e mudanças. No céu há luz perfeita e perpétua, e não há trevas. Porém, no inferno, existe uma escuridão absoluta. Ali não há sequer um raio de luz. Naquele mundo, entre o céu e o inferno há um grande abismo fixado. Mas, neste mundo, eles se alternam, e passamos diariamente de um para o outro, para que possamos aprender a esperar igualmente as vicissitudes na providência de Deus. Paz e transtorno, alegria e tristeza, e para que possamos colocar um contra o outro, nos acomodando às nossas atitudes tanto na luz como nas trevas, dando boas-vindas a ambas, e tirando o máximo proveito de ambas.

5. Que Deus as dividiu uma da outra por nomes distintos: A luz Ele chamou dia, e as trevas, chamou noite. Ele lhes deu nomes, como Senhor de ambas. Porque o dia lhe pertence, e a noite também, (Salmos 74.16). Ele é o Senhor do tempo, e assim será, até que o dia e a noite cheguem a um fim, e o rio do tempo seja tragado pelo oceano da eternidade. Reconheçamos a Deus na sucessão constante de dia e noite, e consagremos ambos para a sua honra, trabalhando para Ele todos os dias e descansando nele todas as noites, e meditando em sua lei de dia e de noite.


6. Que esta foi a obra do primeiro dia, e foi um bom dia de trabalho. A tarde e a manhã foram o primeiro dia. A escuridão da noite veio antes da luz da manhã, para realçá-la, e enfeitá-la, e fazê-la brilhar com maior intensidade. Este não só foi o primeiro dia do mundo, mas o primeiro dia da semana, Eu observo isto para a honra deste dia, porque o novo mundo começou também no primeiro dia da semana, na ressurreição de Cristo, como a luz do mundo, de manhã cedo. Nele, o dia que veio do alto visitou o mundo. E seremos felizes, felizes para sempre, se aquela estrela da manhã nascer nos nossos corações.

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